A história do Funk


Apesar de a versão carioca ficar popular no brasil nos anos 1980, a história desse ritmo musical começou bem antes:


1. Na década de 1950, o pianista norte-americano Horace Silver falava no termo “funky style” – ele juntou o jazz e a soul music para criar um estilo mais dançante. Nos anos 60, músicos como Miles Davis e a banda Kool & the Gang faziam o funk propriamente dito, uma mistura de soul, jazz e rhythm and blues (R&B). Músicas como “Opus De Funk” moldaram a época.




2. Foi James Brown que colocou gênero no mapa internacional. Ele, que já era um dos grandes intérpretes do soul, adotou a ideia de Silver e acrescentou mais um toque: o swing, um estilo de dança que surgiu no Harlem, em Nova York. Na década de 1970, George Clinton criou o Parliament e o Funkadelic, bandas que trouxeram uma influência de rock psicodélico ao funk.



3. É possível dizer que o funk foi o desenvolvimento de uma série de ritmos musicais que surgiram no centro do movimento negro dos EUA. Por isso, na década de 1970, ele continuou mudando. Apareceram o hip-hop e o breakdance, principalmente na região do Bronx, em Nova York. A principal característica eram os elementos de R&B, funk e as letras do rap.



4. O funk chegou ao Brasil por volta de 1969 – o Gerson King Combo lançou o álbum Brazilian Soul com clássicos brasileiros executados com a batida dos EUA. No mesmo período, Tim Maia, Carlos Dafé e Tony Tornado adotaram o cabelo black power, começaram a cantar o ritmo e fundaram o Movimento Black Rio, que se tornou um expoente da cultura afro no país.



5. Na década de 70, apareceram as primeiras produtoras do Rio de Janeiro – a Soul Grand Prix e a Furacão 2000, que sediaram as versões pioneiras do baile funk. As festas foram fundamentais para que a soul music, sob influência do funk, pudesse cravar raízes no Brasil


6. Os bailes ganharam força nos anos 80 com a fusão do Miami Bass, um estilo que começou a ser tocado nos EUA. A principal característica eram batidas rápidas e letras mais erotizadas. Outra marca registrada eram os DJs. Nascia, assim, o funk carioca

DJ Marlboro

7. Até então, no Brasil, tocavam-se clássicos remixados. Com o Funk carioca, surgiram as músicas em português. Elas já abordavam a violência e a pobreza das favelas e comunidades carentes. A retórica sobre o tráfico de drogas também se tornou recorrente a partir dos anos 80
8. Nas periferias, os bailes continuavam crescendo, especialmente no início da década de 2000. Mas as brigas de facções do crime organizado e outras confusões começaram a ser comuns. Ainda assim, houve espaço para o surgimento de grupos populares, como o Bonde do Tigrão, do hit “Cerol na Mão” . MC Marcinho, Tati Quebra Barraco e outros também marcaram época.


9. A chegada do funk ostentação em 2010 trouxe uma nova roupagem para o ritmo, que chegou ao Brasil com músicas identificadas com o movimento negro. Nomes como MC Guimê, MC Livinho e MC Gui cantam sobre carros importados, roupas de marca, joias e festas regadas a bebida e mulheres bonitas. Há também a derivação pop, com Anitta e Ludmilla.


FONTES Livros Jazz: Research and Pedagogy, de Eddie Meadows, O Mundo Funk Carioca, de Hermano Vianna, Abalando os Anos 1990: Funk e Hip Hop, Globalização, Violência e Estilo Cultural, de Micael Herschmann, e Galeras Cariocas: Territórios de Conflitos e Encontros Culturais, de Hermano Vianna; artigo Dossiê sobre Cultura Popular Urbana, de Alexandre Barbosa Pereira.
Pesquisa/Montagem/Edição: JF Hyppólito

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