A arquitetura das máquinas de
costura tem ligação direta com a necessidade do homem nos aspectos de ter
vestes com maior grau de qualidade e de facilitar a arte da costura.
Tendo em vista todos estes
fatores, surgiu o primeiro invento e seu criador que com o espírito de
verdadeiros descobridores vislumbrou seus primeiros projetos, ainda com
aspectos estranhos e irregulares, mas com uma engrenagem primordial para a sequência
das gerações posteriores.
Histórico da evolução da
máquina de costura.
Nos 5 mil anos de civilização,
o homem sempre procurou vestir-se e manter-se confortável tendo, para isso, de
submeter-se à árdua mão de obra exigida pela costura manual de
Tecidos e couros. Foi a pouco
mais de dois séculos que a primeira tentativa foi feita para transferir esse
trabalho para um aparelho que o libera dessa mão de obra espinhosa.
Em 1755, Charles Wensenthal
obteve uma patente inglesa de um mecanismo que consistia em uma agulha de duas
pontas com um orifício central, que foi projetada para atravessar o tecido com
a ajuda de dois dedos mecânicos e liberada para permitir que um segundo par de
dedos a segurasse do outro lado. Foi, na verdade, nada mais do que imitação
mecânica do serviço manual. Essa agulha foi posteriormente usada por
Madersperger, Greenough e outros. Ainda hoje ela encontra utilidade na
indústria do bordado.
Vinte e cinco anos mais tarde,
em 1790, o inglês Thomas Saint, fabricante de armários em St. Sepulchre
(Inglaterra) inventou uma máquina para pespontar sapatos e botinas.
A máquina de Saint funcionava
com um estilete (ou punção) e uma agulha em forma de gancho (crochê) e uma
espécie de looper inferior para formar um ponto corrente.
Lamentavelmente, Saint não
desenvolveu o seu invento a ponto de encontrar uma utilidade prática para sua
máquina. Todavia, a máquina tinha características ainda essenciais às máquinas
de costura de hoje.
No decorrer dos vintes e cinco
anos seguintes muitas tentativas foram feitas no sentido de projetar uma
máquina de costura com clara utilidade prática.
No ano de 1800, o alemão
Balthasar Krems, da cidade de Mayen (Alemanha), inventou uma máquina de costura
de ponto corrente, na qual foi usada pela primeira vez uma agulha com o
orifício na ponta e um dispositivo idêntico a um looper. Um detalhe
interessante na construção da máquina de Krems é o transporte intermitente com
a utilização de um tipo de esteira circular com arame farpado. Essa construção
não chegou a ser divulgada, mas existe um modelo exposto no museu de Mayen.Em
1804, John Ducan, de Glasgow, Escócia, projetou uma máquina de bordados com uma
agulha de ponta gancho.
Também a Áustria teve o seu
grande inventor, o alfaiate Joseph Madersperger, de Kufstein. Ele foi o
primeiro a conseguir construir uma máquina capaz de fazer realmente uma
costura.
Patenteada em 1814, sua
máquina foi produzida em pequena escala por determinado período e utilizada por
Madersperger na confecção de chapéus. Essa máquina, além de ter duas agulhas
com orifício na ponta, já contava com um sistema de barquinho capaz de
entrelaçar as duas linhas.
O transporte era defeituoso e
Mandersperger nunca conseguiu convencer os seus contemporâneos do valor da sua
máquina. Mas, as suas ideias abriram o caminho para muitos outros inventores
que lhe sucederam.
Em 1818, o Ver. John Adams
Dodge, de Monktown, projetou a primeira máquina de costura construída e usada
nos EUA, com a ajuda de um ferreiro local (John Knowles). Era uma máquina
desajeitada, na qual eram utilizadas duas agulhas com furos no centro. A
máquina conseguia produzir um ponto satisfatório em costuras curtas,
encontrando oposição por partes dos alfaiates temerosos viesse essa máquina
fosse substituí-los em seu trabalho. Dodge não prosseguiu com sua ideia e a
máquina nunca foi patenteada.
Em 1829, Barthelemy
Thimmonier, um alfaiate francês construiu sem recursos uma máquina de madeira
para costurar seus vestuários. Tratava-se de um invento aproveitável, que fazia
um ponto corrente com o emprego de uma agulha com ponta de gancho. A formação
do laço dava-se na parte superior do material.
Em 1841, Thimmonier já tinha
vendido oitenta máquinas, de acionamento por pedal ao exército francês para a
confecção de fardas. Em 1848, a máquina era capaz de produzir 200 pontos por
minuto. Todavia, os seus colegas de trabalho cogitaram destruir todas as
máquinas que encontravam, considerando a máquina uma ameaça ao seu meio de
vida. Thimmonier morreu pobre em 1857.
Durante o período entre 1830 e
1850, muito homens atacaram o problema da máquina de costura. Walter Hunt, de
New York, combinou a lançadeira com agulha de orifício na ponta para fazer o
primeiro ponto fixo prático em 1834.
Em 1841, dois senhores, Newton
e Archbold, da Inglaterra, projetaram uma máquina de ponto corrente com uma
agulha de orifício na ponta.
Em 1845, Elias Howe Jr., de
Cambridge, patenteou uma máquina que fazia ponto corrente. Howe usou na sua
máquina uma agulha curva com uma ranhura, com orifício na ponta e respectivo
suporte e uma lançadeira com um dispositivo de tensão para formar o ponto.
Contudo, a máquina era
limitada pelo seu mecanismo de alimentação. Uma chapa curva, com pequenos pinos
de fixação segurava o tecido de encontro à chapa de alimentação e à chapa de
alinhavo. Fazia-se necessário retirar e reposicionar o tecido cada vez que a
chapa de alinhavo percorria todo o seu comprimento. Uma costura só podia ter o
comprimento igual à distância percorrida pela chapa.
No ano de 1848, John Bradshaw,
de Boston, aperfeiçoou a primeira máquina americana a ser vendida em quantidade
economicamente viável. Em 1849, Leron e Blodget, também de Boston, inventaram a
primeira lançadeira oscilante de movimento contínuo em plano horizontal. No
mesmo ano, John Bachelder recebeu uma das patentes mais importantes da
indústria da costura, o transporte reto contínuo de uma esteira de feltro e uma
agulha vertical acima de uma base de trabalho horizontal. Essa foi a patente
básica da indústria por muitos anos.
Durante os anos de 1847 a
1853, Allen B. Wilson, de Michigan, desenvolveu a lançadeira rotativa, o
transporte de quatro movimentos e o transporte por dentes. A máquina de Wilson
foi comercializada por Wheeler & Wilson Machine Company, que se tornou
parte da The Singer Company.
Em 1851, Isaac Merritt Singer
fabricou a primeira máquina de costura prática.
Além de ter uma agulha reta
com orifício na ponta e com movimento vertical, foram utilizados na máquina os
seguintes elementos: lançadeira de barquinho, uma alavanca estica-linha,
dispositivo de tensão de linha, uma mesa para apoiar o material a ser
costurado, um calcador com ação de mola para eliminar as ondulações de tecido e
um dente circular recartilhado, emergindo sobre a mesa através de uma fenda.
Uma polia com biela transmitia
o movimento simultaneamente ao braço e à lançadeira, através de um jogo de
engrenagens. De início, a máquina não costurava e a Singer esteve perto de
abandonar o projeto quando se lembrou de um detalhe, havia esquecido do ajuste
do controle do estica-linha. Feita a alteração, a máquina costurou
perfeitamente.
A modificação do estica-linha
foi tão importante que, até hoje continua sendo usado, com algumas modificações
e aperfeiçoamentos.
A fim de fabricar e
comercializar a sua máquina, a Singer estabeleceu-se em Boston em 1851, com a
razão social I. M. Singer & Company, que se tornou mais tarde na The
Singer Manufacturing Company em New York no ano de 1863.